Há um vício em andamento. As letras vivem seu pequeno deleite sempre que por elas passam os olhos dos leitores. A vida há nas letras ou nos olhos de quem lê? sentencia o conhecedor: há de ser nas mãos de quem escreve. Evite esforço, aqui não há espaço para respostas. É a contrução que nos interessa, o caminhar, o processo, a empresa de fazer um pensamento. Espaço da criação do futuro da literatura brasileira. Ler e escrever: o remédio para o vício da criação.

24 maio, 2009

The National Gallery em Londres

Na última quinta-feira 21 de maio aproveitei o feriado em Paris para uma viagem há muito desejada: conhecer Londres e seus grandes museus. Confesso que uma das coisas que muito têm me encantado na Europa é forma bointa com que o passado é tratado, o cuidado destinado à preservação do patrimônio histórico. E fico sempre muito feliz por entrar nos museus (todos, sempre) e observar a quantidade de crianças presentes. E assim cheio de expectativas adentrei precisamente às 10:08 da manhã no The National Gallery, situado no coração de Londres em Trafalgar Square. Seu acervo basicamente é composto por pinturas Européias entre os séculos XII até o XX. As obras expostas são divididas por períodos, com exceção de trabalhos específicos de Picasso que estão numa sala separada e exclusiva. Não quero descrever o museu, acho isso desnecessário e chato, afinal tira um pouco da graça para os que lá ainda não estiveram. Então escrevo este texto para tratar de dois aspectos me martelam as idéias desde que retornei a Paris anteontem. Primeiramente, não quero que as palavras me soem em tom de esnobismo, mas foi dundamental "ver" ao vivo Rembrandt, Monet, Manet, Da Vinci, Picasso, Rafael, Michelangelo, Velasquez, Van Gogh, Gaugin, Renoir etc. Sim, é totalmente diferente de ver nos livros. Principalmente Renoir, o qual muito me impressionou a ponto de me fazer comprar um livro sobre sua vida e obra na lojinha da The National Gallery. Foi como ouvir Walter Benjamin sussurrando ao meu ouvido sobre a "aura" da obra de arte. Foi como uma viagem ao passado, até Setembro de 2003 quando assisti minhas pimeiras aulas na faculdade de jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora. Em Teoria da Comunicação I discutíamos a questão da reprodutibilidade técnica via um dos embates teóricos mais famosos da academia alemã: Adorno x Benjamin. Naquela época fiquei a favor do segundo, afinal me parecia plausível a idéia de que a arte deve sim chegar às massas, mesmo que via reproduções que deturpem seus significados, suas possbilidades. Então retomo meu comentário e reafirmo que SIM, é fundamental conhecer a grande arte ao vivo, botar os pés nos grandes museus, para que se sinta o quão difícil é andar por aquelas alamedas, pois que pesa, muito pesa sobre as pernas a aura daqueles que pindurados nas paredes estão. Então fico com Adorno. O segundo ponto sobre o qual gostaria de tratar é simples e obvio para os que conhecem minhas idéias e obssessões: como transpor isso tudo para o Brasil. Temos história que é nossa, temos arte que é nossa, e temos nossa música que muito é respeitada neste velho mundo. o Europeu reverência as curvas de Niemeyer, as harmonias de Jobim e agora estão lendo o leite que Chico Buarque derramou. Em próximo texto vou tratar sobre minhas impressões a cerca do jovem europeu, suas possibilidades, suas limitações. Mas começo a entender a fundo o que Stephe Zweig enxergou quando nos chamou de país de futuro.