Há um vício em andamento. As letras vivem seu pequeno deleite sempre que por elas passam os olhos dos leitores. A vida há nas letras ou nos olhos de quem lê? sentencia o conhecedor: há de ser nas mãos de quem escreve. Evite esforço, aqui não há espaço para respostas. É a contrução que nos interessa, o caminhar, o processo, a empresa de fazer um pensamento. Espaço da criação do futuro da literatura brasileira. Ler e escrever: o remédio para o vício da criação.

14 julho, 2009

Homenagem ao Jaca

Conheci o Jaca há 12 anos na antiga Iogulsávia.
Faziamos um treinamento de internet banda larga.

De lá para cá o Jaca cresceu, até engordou, virou uma bolinha e foi morar em niterói, sob o pseudonimo de Daniel Fonseca. Um mestre da Discrição.

Certa vez eu e Jaca passeávamos de barco no ribeirão de mar de espanha num fim de tarde, depois de um árduo dia de trabalho em que instalamos nada menos que 23 aparelhos de internet num condomínio de classe média. Observando o mato e o lamaçal das margens do ribeirão, Jaca entoou o canto dos pássaros silvestres em mágicos assobios. Me olhou e disse "é a linguagem universal dos animais, aprendi com os Ianomamis quando fui instalar internet discada, anos atrás".

Durante este passeio Jaca rompeu seu silêncio característico e me contou sobre suas habilidades, "aprendi como funciona o ciclo das marés, e como se deve fazer para plantar hortelã em terrenos de mexerico". Um homem sábio.

Indaguei-o sobre como havia feito para tantas coisas aprender, e Jaca me fitava em silêncio, ou assobiava como tricaferros, canários da terra e maritacas. Um amante da discrição.

Certa vez nos encontramos em Veneza nos anos 80, Jaca parecia preocupado. Perguntei a ele o que se passava, e de olhos arregalados me disse que havia tido uma revelação, "nobre amigo, não posso entrar em detalhes, mas parece que a ditadura vai cair, Figueiredo fará a transição para um sistema político Democrático". Naquela noite discutimos pois duvidei seriamente de sua revelação, acabei por empurrá-lo nos canais de Veneza e a água entupiu seus pulmões. Mas homem nobre e distinto, Jaca nadou até o hotel onde nos hospedávamos e se ofereceu para me pagar uma laranja. Arrepedido, pedi ao garçom do bar do hotel que fizesse uma vitamina de mamão com banana para Jaca, que sorriu e me fez um carinho.

Jaca é isso, um homem místico, meio homem e meio mito.

minhas sinceras homenagens, e aproveito para dizer que até outubro eventualmente narrarei neste blog episódios marcantes na trajetória deste homem anafilático e intrigante.


Até já.

8 Comments:

Blogger Daniel Fonseca said...

Não tenho palavras, quando parar de chorar talvez poderei escrever algum agradecimento por mostrar tão verdadeiramente quem eu sou.

Por enquanto escrevo só um singelo OBRIGADO.

Abração grande companheiro e amigo.

P.S. Ainda lembro daquela vitamina de mamão com banana em Veneza. INESQUECÌVEL.

6:46 PM

 
Blogger Chica Migraña said...

Além da discrição, Jaca "o homem, o mito" possui o dom da inocência, aquela pureza a la Bukowski (que, coincidencia ou nao, tb é leonino)

ótima homenagem.

7:57 PM

 
Blogger Daniel Fonseca said...

Lendo novamente e a cada frase um lágrima.

P.S. Acho que seu blog nunca foi tão visitado. Meu nome é mágico rapaz!

1:50 AM

 
Blogger Gustavo Giorelli said...

Quem como quem?

Quem é o ativo e quem é o passivo?

Esse sim, é o grande mistério a ser desvendado por trás desse conto.

4:41 PM

 
Blogger Gustavo Giorelli said...

Quem come quem ?

4:52 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Thiago,
te achei!!
Como vc está?
Já li que vc tem data pra voltar... dessa vez a gente se encontra hein!!
Beijos e abraços apertados!!
Marion

2:43 AM

 
Blogger Thiago Almeida said...

Marion de deus!!!!

como vc me achou?

me passe um contato seu para gente se falar!

beijos e saudades tb!

5:29 AM

 
Blogger Unknown said...

UM aMAnte da discrição!*

10:53 PM

 

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