Há um vício em andamento. As letras vivem seu pequeno deleite sempre que por elas passam os olhos dos leitores. A vida há nas letras ou nos olhos de quem lê? sentencia o conhecedor: há de ser nas mãos de quem escreve. Evite esforço, aqui não há espaço para respostas. É a contrução que nos interessa, o caminhar, o processo, a empresa de fazer um pensamento. Espaço da criação do futuro da literatura brasileira. Ler e escrever: o remédio para o vício da criação.

12 setembro, 2009

Conversas com Dalton Trevisan

A Priminha

Aos treze anos a priminha era a sua maior rival. Tinham a mesma idade e moravam no mesmo bairro. Disputavam a atenção do rapazinho mais velho que vinha de outra cidade.

Um dia convidou os amiguinhos para o banho de piscina. A molecada se esbaldou a tarde toda.

Quando escurecia foram se secar nos brinquedos do quintal.
Decidida a convidar o rapazinho a se sentar no banquinho do balanço com ela, fica em choque ao notar a cena: a priminha a dividir o rema-rema com o rapazinho, num esfrega-esfrega de gente grande.

Voltou à piscina, decidida a se afogar entre as bóias de brinquedo.


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Festinha de aniversário


No dia de seus doze anos a mocinha decide dar o primeiro beijo no namoradinho da escola.

Correm para o matagal atrás da garagem.
Beijinho de estalinho, como manda a cartilha.

O namorado dá o beijinho e saí correndo em disparada deixando a mocinha a chorar e a pensar que seu beijo é ruim. Inconsolável entre arbustos, festa fracassada.

O pobre rapaz, envergonhado, enraivecido, a esbravejar rua afora contra as calças de moletom.