Há um vício em andamento. As letras vivem seu pequeno deleite sempre que por elas passam os olhos dos leitores. A vida há nas letras ou nos olhos de quem lê? sentencia o conhecedor: há de ser nas mãos de quem escreve. Evite esforço, aqui não há espaço para respostas. É a contrução que nos interessa, o caminhar, o processo, a empresa de fazer um pensamento. Espaço da criação do futuro da literatura brasileira. Ler e escrever: o remédio para o vício da criação.

08 setembro, 2009

Para você, que acha que qualquer ventinho é espírito

Eu gostaria de dizer a você algumas palavras fortes, dessas que deixam a boca amargando enquanto são ditas. Eu passei meus últimos dias de estômago embrulhado, a consultar vernáculos, a conjugar verbos e premeditar vírgulas num estado permanente de náusea. A própria pele, que me está amarelo pálida de vitaminas ausentes, a minha pele eu permiti ser transposta pela lâmina fria e pontiaguda do discurso que eu ensaiei para fincar em você. Sou cobaia do meu veneno verbal.

Pois eu que sou duro feito pedra me vejo agora em cacos, eu que não racho fácil virei tábua partida ao meio. E somente assim sinto o peito arfar mais calmo. Porque se a vingança é um prato frio, a certeza é mesmo um perfume, e sinto já o cheiro morno do teu crânio rachado. As minhas palavras vão sair da boca feito uma reza maldita, em sussurro lento e gradual. Feito um aspirador vão sugar teu sangue sujo e preto, até que os músculos sintam sede e ardam e murchem e oscilem e te abandonem. Eu quero você imóvel, dobrada num canto qualquer.

E finalmente vou servir-me do vinho outra vez, comerei um porco em exaltação à tua desgraça. Comerei o mesmo animal que engordarei com os teus restos, o mesmo porco que chegará em molho pardo à minha mesa trazendo em seu fígado o sabor acre das tuas vísceras cretinas. Porque no fim é isso, a tua marca no mundo foi essa cretinice jovial.
Eu vou te transformar em alma penada. Mas irás penar sem as pernas e sem a garganta. Farei leilão em formigueiros com tua língua, teus olhos. Quero que você veja em cores vivas a terra comer teus últimos instantes, quero que você sinta o gosto doce do esterco no teu segundo derradeiro.

Eu vou te mostrar que deus pode pouco com as garras do demônio. Porque só assim eu te salvarei, só assim eu te pouparei do verdadeiro sofrimento. Porque eu te salvo acabando com a tua vida, evitando assim que você mesma o faça.

1 Comments:

Blogger Daniel Fonseca said...

Eu vou comer seu coração na ponta da faca, tu vai fritar no inferno feito leitão à pururuca! Tu vais morrer seu merda! Eu sois o Capeta! Lucifre!

11:07 PM

 

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