Louvre, como se num quintal
Sexta-feria passada eu tinha as narinas prejudicadas e uma leve ardência na superfície da pele, anunciação de que uma febrezinha enjoada viria pela frente. Tive uma jornada intensa de trabalho, rotina própria dos dias chuvosos e frios. Mas estamos em Paris, e aqui os deuses do tempo têm tramas interessantes. Foi o relógio acertar seu ponteiro nas dezenoves horas e como se num ensaio geral as nunvens correram todas para a cochia. Assim como quando se apaga luz sombria e artificial do teatro e surge a iluminação que vem do palco anunciando o início do espetáculo, o céu de Paris em minutos anúnciou sua cor azul a ponto de fazer pensar os desavisados que mar e céu haviam invertido posições.
Decidi aproveitar o belíssimo cenário para caminhar pelo Louvre e fotografar o jardim de Tuleries. E assim o fiz por cerca de três horas. Não resisti e entrei no museu, fui em setores já visitados somente para fotografar. Não vo uficar fotografando obras, acho isso um pouco chato pois tira o brilho para os que ainda não conhecem pessoalmente. Meu interesse foi registrar a arquitetura do museu, traços que ajudam a decifrar os contornos de sua alma. Sim, porque o Louvre tem alma. Paro por aqui e convido os leitores deste texto a ver as fotos no meu orkut. Criei um album chamado "Louvre, como se num quintal". Tirem suas conclusões.
Em setembro Umberto Eco fará duas conferências no Anfiteatro do Louvre. Em homengem ao professor italiano, tão querido por mim, fiz o exercício de fotografar cenas que ofereçam espaço para o leitor interpretar como queira as fotos. É a obra aberta.